Afreudite, blog da blague "La valeur du message gît dans sa différence avec le code" "L´équivoque est la seule arme dont on dispose contre le symptôme" Lacan

Saturday, February 26, 2005

Vítima das cirConstâncias

afreudite*
Ao que parece, Victor Constâncio não será reconduzido no cargo de Governador do Banco de Portugal. Os socialistas não lhe perdoam a constância com que apoiou as políticas do governo agonizante.

Friday, February 25, 2005


A minha nao e maior que isto ... Posted by Hello

Genealogia do Cómico

"O que gera a ilusão pansexualista,... é que toda a significação enquanto imaginária, é fundamentalmente sexual. Tudo o que se diz e faz sentido ... aponta para uma significação única que ocupa o lugar da referência, referência que não existe na língua natural, e esta significação que ocupa o lugar da referência que falta, é fundamentalmente fálica. É isto que confere o seu interesse ... à comédia que consiste sempre em fazer rir revelando o objecto imaginário que todos os discursos rodeiam, para o qual tendem, a saber, o falo. ... o falo é a significação, a bedeutung fundamental ..."

in "Percurso de Lacan" de Jacques-Alain Miller

Hainamoration

afreudite*
A relação dos políticos com o eleitorado ("carne para as urnas") é da ordem da "hainamoration".
Quando são eleitos desfazem-se em louvores à sabedoria do povo "que tem sempre razão". (o que corresponde à função cometida na psicanálise ao "sujeito suposto saber")
Quando não são aprovados, revelam um "mau perder" e, sobretudo, o que pensam verdadeiramente do povo. Como aconteceu com Vasco (caído em des)Graça Moura que, em declarações recentes considerava o "eleitorado português conservador, corporativo e retrógrado."
Ver Alcatruz (blog)

Thursday, February 24, 2005


Contra a Molaria - Por Amina Lawal Posted by Hello

Contra a Molária - Por Amina Lawal

Depois da malária, a molária. Uma desgraça nunca vem só.
O que é a molária ? É uma praga contagiosa propagada pelos mollahs, a partir das mesquinhas e que gera o fim-da-mental-ismo, que como o nome indica, torna as suas vítimas, incapazes de pensar por si próprias, meros autómatos nas mãos do clericato mais mentecapto que é possível imaginar.
Os "mulas" da Nigéria, com base na Sharia, decidiram condenar à morte por lapidação Amina Lawal que cometeu o "crime" de ter um filho fora do casamento. A Amnistia pede a vitAmina da nossa solidariedade para salvar Amina e ajudar a debelar esta praga. Afreudite não podia deixar de se solidarizar.

Wednesday, February 23, 2005

Lacan explicado às crianças

Há uns tempos Afreudite citou uma obra de Zizek, Slavoj (leia-se Jijek, Slavoi). Não sei se por influência de Afreudite surge em Foradomundo um texto de P.M. sugestivamente intitulado "Lacan explicado às crianças". Nesse texto P.M. anuncia que anda a tentar uma tímida "reconciliação" com Lacan, sobretudo devido a Slavoj Zizek . Como prova dessa tímida reconciliação, P. M. apresenta um apólogo (ver Blog ), o apólogo dos dois jovens que tinham um carro igualzinho.
É uma história que ganha em ser lida em contraponto a um apólogo que Lacan apresenta na obra "Instance de la lettre ..." o apólogo de duas crianças que iam no combóio e param numa estação. Ele diz : "Estamos em homens !" "Estamos nada ,replica ela estamos em mulheres !
Afreudite experimentou proceder a uma leitura cruzada e desse cruzamento surgiu o seguinte textículo :
De certa forma é o mesmo texto (feno-texto), com algumas interpolações que correspondem ao "não-dito", ao "cripto-texto" ou, ao que eu chamaria o "escripto"
"O rapaz dava boleia a uma rapariga. A rapariga disse que tinha um carro igualzinho (um corpo igualzinho). O rapaz era de fora (do mundo) e não sabia o caminho (para a caminha, para o Outro sexo). Assim disse à rapariga : " como o carro é igual ao teu, não preferes conduzir, em vez de me dares indicações ?" (Como tu como mulher, és suposta saber o caminho para o Outro sexo, mais vale assumires o comando das operações, tirando-me de embaraços) . E ela conduziu o carro dele (que era igual ao dela, de acordo com o seu desejo), indo para onde ele queria (o quarto dela) pelo caminho que ela (era suposto) conhecer melhor


Tudo comecou porque o boi da esquerda disse ao outro o que toda a gente sabia, que ele tinha um grande par de cornos. O outro nao gostou de ser o ultimo a saber Posted by Hello

Tuesday, February 22, 2005

Syrial Killers

Numa manifestação em Beirute contra a presença militar Síria em solo libanês (A antiga Fenícia) um cartaz ostentava este xiste que de uma forma magnífica denunciava o "asassiriato" do ex-primeiro ministro que passou para a oposição . A subversão social e individual começa pela subversão da linguagem, pela infracção do código, em suma pela poesia associada ao humor . Como diz Afreudite " ser poeta é / rimar contra a maré". Na manifestação em Beirute, a poesia e o humor sairam à rua.
Os "syrial killers" que se cuidem. Fénix ( Fenícia ) vai renascer das cinzas.

Monday, February 21, 2005

Paradoxos

afreudite*
Atopia apresenta novos textos com a velha qualidade. Um deles chamou-me a atenção. Tem como título : Mulheres encobertas.
Curiosamente o outro, versa sobre outro tipo de encobrimento, O do nosso Sebastião, o "Encoberto".

Sobre a questão do encobrimento decidi pedir a opinião de um... taliban :
A resposta dele franca,rude, não se fez esperar :

Porque é que as mulheres são cobertas ???
Elementar, meu caro Whatson... São cobertas para não serem cobertas !!!

Saturday, February 19, 2005

O Segredo do Degredo

afreudite*
A equipa de História das Religiões da Academia Afreudite desvelou o segredo do degredo de Lúcia (que, como é sabido viveu sempre longe de Fátima). De acordo com os especialistas, o degredo devia-se ao facto de Lúcia saber, melhor que ninguém que "santos da casa não fazem milagres". O reconhecimento da santidade implica uma certa distância espácio-temporal. Jesus foi condenado à morte pelos seus compatriotas judeus. Maomé viu-se forçado a fugir de Meca. Jacintinha e Francisco só começaram a operar "milagres" (vide Emilinha) muitos anos após a morte e quando tal se tornou conveniente para a encenação que culminou na re-velação do segredo de Fátima - parte 3.

Ao contrário do que acontece nas outras actividades começadas por F. (Futebol e Fado) que em conjunto com Fátima constituiem a SS.ma Trindade nacional, o factor casa não joga a favor da santidade.

Um pensamento análogo é atribuído a Platão para quem o herói é-o para todos menos para o seu criado de quarto...
Embora Hegel, admirador de Napoleão, a quem considerava como o "Espírito do Mundo (?)" ( WeltGeist?) tenha contraposto que o criado pensa assim porque é um criado (Dialéctica do Senhor e do Servo?), o que diz Platão não deixa de ter a sua verdade se se entender que o heroísmo no campo de batalha trai, frequentemente, uma covardia nesse outro campo de batalha (do gozo) que é a cama, metonímia do quarto.
Confirmando esta perspectiva, um psicanalista da velha guarda sustentava que os mais afoitos no campo de batalha revelavam-se, por vezes, estranhamente inibidos diante das mulheres.

Honny soit qui mal y pense

O Pretocolo de Quioto

afreudite*
Segundo os últimos dados, os objectivos de Quioto não estão a ser atingidos.
Decepcionada, Afreudite desabafa : - Para isto, mais valia estar quioto !

O Humoral da História

afreudite*
Outros procuram a moral da História. Eu contento-me com o humoral da história.

O Segredo da Cova da Iria (Fátima)

afreudite*
Já tivemos oportunidade de apresentar este quadro. Mas, na altura, omitimos o título e o nome do autor. Aproveitamos o ensejo para reparar a falta. O quadro tem como título : Diálogo no Carmelo. É de 1944 e tem como autor Clovis Trouille.

A republicação deste qudro justifica-se pela circunstância do desaparecimento do último dos 3 pastorinhos que, como se sabe, viveu os 50 últimos anos de vida enclausurado num convento de Carmelitas "descalças" em Coimbra.

Em tempos, escrevinhei algo sobre Fátima em que considerava que a história das "A-parições" tinha a estrutura de um conto de fadas, ou popular, dada a insistência do "3" ( 3 pastorinhos, 3 segredos). Trata-se de uma narrativa onde um "real" (alucinado) é tratado simbólicamente, nos moldes de narrativas pré-existentes (sobretudo narrativas sobre as a-parições de Lourdes) que por sua vez se conformam com as estruturas dos contos populares .

Mas Fátima também se conforma , se assim se pode dizer, à estrutura do "Strip-tease". Os segredos não são revelados todos de uma vez. Tal como acontece no "strip-tease", os segredos vão sendo re-velados (como diz, creio, Heidegger a revelação é re-velação) à medida que as circunstâncias históricas o justifiquem (A alfaiataria da Igreja também confecciona factos por medida).

Este quadro de C. Trouille, "Diálogo no Carmelo" é interessante porque capta o momento em que a irmã ora defunta, estava, a pontos de re-velar o "segredo" da Cova da Iria".

Só podemos lamentar que ela, então com 37, na pujança da vida, não tenha revelado inteiramente o "segredo". Cremos que teria mais impacto, na altura, no final de um conflito, do que passados 56 anos e, por intermédio de um papa que o aproveitou para transvestir heróicamente o seu fantasma inconsciente ( que, como Freud mostrou, é masoquista e obedece à fórmula : "Batem numa criança". O fantasma do Papa, produto do catolicismo da Polónia, nação martirizada, duplamente, pelo seu "irmão" eslavo e ortodoxo, poder-se-ia enunciar assim :"martirizam uma criança").

Mas como Lacan o mostra em "Télévision", o mito tem como função "dar forma épica ao que opera a partir da estrutura. O impasse sexual segrega as ficções que racionalizam o impossivel de onde provem."

O que está em jogo tanto no "strip-tease" como nas "a-parições" da Cova da Iria, é a re-velação do segredo de "La Femme". Tanto a strip-teaser como Lúcia e o papa (strip-teaser espiritual) querem fazer crer, cada um a seu modo que detêm esse segredo, que detêm um saber sobre "La Femme", num caso confundida com a Madonna, (aquela que faz gozar místicamente) no outro, com o outro da Madonna, , Madalena, a prostituta, (aquela que tem o segredo do Gozo sensual).
Em contraste, o segredo desvelado pela psicanálise é que o véu recobre um vazio, que ao nível da estrutura, falta um significante, precisamente, o de "La Femme" e que é nesse vazio estrutural, que germinam todas as a-parições, todas as alucinações (místicas) e ilusões que procuram negar a falta.


Dialogo no Carmelo , 1944, Clovis Trouille Posted by Hello


Bota nos politicos Posted by Hello


Asnus Dei Posted by Hello

Asnus Dei

Aproximam-se as eleições (Kirieleições). Os pornogueses estão indecisos. Face ao "par de alternas" (Hipocritas e Santanaz, qual dos dois o mais falaz) há os que propõem o "voto em branco", outros o voto no tinto. Há os depressivos que não votam e os exaltados que consideram que "isto só vai à estalinada".
Recusando uma posição "abstémia" Afreudite querendo contribuir para uma escolha ponderada, recomenda :
- Bota nos políticos : Hipocritas ou Santanaz, tanto faz. Mas, sobretudo,
- Vota no Asnus Dei, o burro dilecto de Afreudite.
Burro por burro, mais vale um ... genuíno. Até porque estes, ao contrário dos pseudo, estão em vias de extinção.

Monday, February 14, 2005

A carne é fraca

Um leitor enviou-nos esta gravura . A equipa de historiadores e paleógrafos da Academia Afreudite, após cuidada análise chegou à conclusão que se tratava de uma gravura do ano de 1111 (curiosamente ano do nascimento de Afonso Henriques). Descobrira-se no verso algumas inscrições de autoria de monges copistas, posteriormente apagadas, provávelmente por agentes do Santo Ofício.
Graças a sofisticada tecnologia foi possível reconstituir algumas delas e os respectivos autores.
Por elas se vê que a Idade Média, tida como época de grande devoção, era simultâneamente, uma época de grande irreverência, o que contrasta positivamente com a hipocrisia actualmente reinante.

Eis algumas dessas legendas, antecedidas dos respectivos autores :
Irmão Jeronimus B. : - "As tentações da irmã Lucia
Irmão Sigismund F. : - "Invidia Penis"
Irmão Jacques L. : - "Gaudius Alteri"
Irmão Simão : - "Estou farta de papar óstias. Sabia-me bem um pouco de proteína animal, mas creio que por aqui não me safo. A carne é fraca. "
Irmão Sebastião : - " Deixa-me dar-lhe corda, para ver se ele se "levanta".


Penistencia Posted by Hello

Sunday, February 13, 2005


De pequenino se torce o des(a)tino Posted by Hello


De pequenino... Posted by Hello

Quem tem capa... sempre escapa

Quem tem capa...sempre escapa

afreudite*
José Gil debruça-se na sua última obra sobre o fado nacional. A grelha de leitura faz lembrar Melanie Klein (inveja) ou o Lacan dos primórdios, o Lacan do imaginário (fase do espelho).
Os portugueses não tomariam iniciativas receando a retorsão especular dos outros motivada pela inveja (tema Kleiniano). Escapa-lhe a dimensão simbólica (2º Lacan) e, sobretudo a dimensão real (Gozo) (3º Lacan) do fatum nacional.

Para se compreender esta dimensão real há que ter em conta esse sintoma nacional que é a saudade, que recobre o que eu designaria por "melalcoolia", uma melancolia encoberta por alcoolismo, (que afecta quase um milhão de portugueses que são dos maiores consumidores de alcool do mundo).

Em termos familiares isto traduz-se num sistema familiar marcado pelo predomínio da mãe (matriarcado), (o que tem correspondência a nível colectivo pelo ascendente da Virgem Maria (culto mariânico), o apagamento da figura do pai, que, frequentemente se refugia no alcoolismo, deixando a prole entregue à omnipotência materna. Daqui resulta o "infantilismo" de que fala José Gil, infantilismo e dependência de figuras maternas, a que os homens reagem pelo machismo e a violência impotente.

Mas não se pense que esta constelação familiar é privilégio dos lusicus-de-judas. Vamos reencontrá-la no outro extremo da Europa, onde o apagamento da figura paterna se combina com alcoolismo (Poder-se-ia a este propósito falar de um eixo Ibéria-Sibéria).

Como ilustração refiro uma anedota relatada por Slavoj Zizek (um autor esloveno que Afreudite recomenda) na sua obra "Eles não sabem o que fazem " dedicado a " O sublime objecto da ideologia" , publicado na Zahar ed. : "... numa exposição em Moscovo, um quadro mostrava Nadedja Krupskaia (esposa de Lenine) na cama com um jovem komsomol (Juventude Comunistas), sendo o título do quadro "Lenine em Varsóvia". Surpreso, um visitante da exposição perguntou :" Mas, onde está Lenine ? " -" Lenine está em Varsóvia", respondeu-lhe, imperturbável, o guia.

Não vou proceder a uma análise banalmente "edipiana" desta anedota, antes aproximá-la da imagem da foto que re-trata com alguma felicidade, a constelação familiar portuguesa. Mãe e filho muito unidos, encobrindo, perversamente, por detrás de símbolos paternos, a sua ligação demasiado próxima.
À pergunta : Mas, onde está o pai ?
A resposta não seria como na anedota de Lenine : O pai está em Varsóvia... mas qualquer coisa como : " O pai está no bar Sóvia, mas, de certeza, não sóbrio."


Onde esta o pai ? Posted by Hello

Ossos do (Santo) Ofício

afreudite*
Agente do Santo Ofício arquiva zelosamente os restos de uma "ovelha tresmalhada" que graças aos bons ofícios de uma fogueira purificadora alcançou a eterna glória.

Saturday, February 12, 2005


Iguais na morte ? Posted by Hello

Friday, February 11, 2005

Estado de XoK - 2

afreudite
Quando lhe anunciaram o "xok tecnológico" ou outro, o presidente da AIP, engº Luzero Marques, deitou as mãos à cabeça e murmurou : "Sinto-me em estado de xok só de ouvir anunciar mais um xok".
Afreudite pediu à sua agência "Hermex" que auscultasse a opinião do povo. Ao que parece, a promessa de diferentes xoks provocou um estado de xok generalizado na população e, curiosamente, no seio da bi-xarada.

Um jornalista entrevistou madame Ma´Galinha:

- Diga-me, minha senhora, o que acha do xok anunciado ?

- Não sei que lhe diga. Eu não fiquei em estado de choque... eu fiquei em estado de ...choco ! Có..có ró.. có..có . ( Este último desabafo deixou surpreendido o xornalista que julgava que só os galos é que cócórejavam. Será uma mutação xenética consequência do xok? pensou.

Esta opinião traduz bem o estado de (des)ânimo que grassa no seio da bi-xarada. Na impossibilidade de relatar todas as opiniões, seleccionámos uma que nos parece elucidativa do sentimento geral

O xornalista mergulhou no Oceanário para auscultar "in vitro" a opinião de uma criatura aquática. Ele queria os efeitos submarinos do xok anunciado.

- Diga-me, que pensa do choque tecnológico , sr. Choco ?

- Eu, cá por mim, se não vivesse naturalmente em estado de choco creio que não resistiria a mais este choque...


Estado de Choque

afreudite
Estamos em época de caça ao voto. Os pulhíticos desfazem-se em promessas. Uns promentem o "choque fiscal", outros o "choque tecnológico".

Uma coisa é garantida. Seja quem for o vencedor, os portugueses vão ter um "estado de choque" ou/e a "polícia de choque" já que a polícia é a verdade última do Estado (daNação).

Sobrevindo o previsível "estado de choque" (torpor melalcoólico) é inevitável que apareçam os fliquiatras a proporem como solução o "electrochoque" que, como se sabe, foi inventado por Cerletti, a partir da observação do abate de porcos por electrocussão.

Para tratar o "porco" ,o porno (Gozo) que invade o corpo, Afreudite propõe não o electrochoque mas o e-letrochoque, o choque pela letra (Xiste).

Thursday, February 10, 2005

Um witz castrense : peace maker / piece maker

afreudite
Clausewitz dizia que "a guerra era a continuação da política por outros meios."

Também se poderia dizer que a guerra revela a verdade da política.

A verdade do título de "peace makers" que os dirigentes dos EEUU se atribuem, revela-se no "piece maker" que aparece inscrito na/da boca dos canhões.

Tuesday, February 08, 2005

O Grande Melraux

afreudite
Sentencia Nobre Guedes : " Eu acho que o dr. Paulo Portas...podia ser o nosso Malraux".
Ele pode não ser o nosso Malraux, mas que é um grande Melraux, é!

Era uma casa muito engraçada...

De acordo com a agência "Hermex", a brigada de demolição israelita que tem como tarefa dinamitar as residências dos terroristas-explosivos, adoptou como seu hino a canção popular : " Era uma casa muito engraçada
Não tinha tecto, não tinha nada..."

Ainda segundo a mesma agência noticiosa, o objectivo das demolições é substituir a decrépitas moradas por espaçosas e arejadas amuradias com vista privilegiada para o
Muro.

Olhai os delírios do Campo (afreudisíaco)

Jesus incitava no Sermão da Montanha ( a tal que pariu um rato) a olhar os de-lírios do campo. É o que iremos fazer nesta nova rubrica. A nossa perpectiva é a de Miller que em "La psychose dans le texte de Lacan" define o delírio como uma montagem de linguagem sem correlato de realidade, ou seja a que nada corresponde na intuição. Chamo delírio a uma montagem de linguagem construida sobre um vazio. E eu digo : todo a gente delira. É a perspectiva do delírio generalizado."
...
"Imagina-se que a linguagem -...- é um aparelho de referência, que existe no seu uso superior para dizer o que é, isto é, para denotar.
...
"Mas o que demonstra a análise lógica da linguagem ... é que esta é um mau aparelho de referência."
Não se sai do domínio "da ficção na medida em que as entidades invocadas na linguagem não têem correlato na realidade. Desde que se define o delírio como uma montagem de linguagem sem correlato de realidade, a lógica, a psicose e a literatura podem ser incluídas na rubrica do delírio.
Assim quando Lacan formula que a verdade tem estrutura de ficção, é, na medida em que, não tem estrutura de correspondência, que a verdade não é a exactidão... a verdade não é verificada pela referência mas pela coerência... o saber de que se trata não é um saber referêncial, mas um saber textual. "

Notas

afreudite
Dedico a blague : "O dilema do carteiro" à Isabel G., uma nova mas já notável arquitecta, que, quando pequenina, me ofereceu um desenho de uma casa, muito engraçada, onde já se revelava o seu génio precoce. Era uma casa de estilo inovador mas que não esquecia a caixa do correio ... até porque ela adorava receber cartas...

Esqueçam o Siza
E a sisa
Agora é a vez
Da Isabel Granês!


O dilema do carteiro : - ?Tenho uma carta para entregar a cegonha (a pedir mais um bebe -um futuro bebedo, provavelmente neste pais melalcoolico), mas nao sei ao certo, em que andar que ela mora. Ah, estas construcciones modernas... deixa ca ver... 1 ,2,3, 4, 5,6,7... talvez seja 8 (oitavo) galho ao centro... Malditos arquitectos ... com a mania das inovacciones nem poem caixa do correio Posted by Hello

Monday, February 07, 2005

Bad boy and Bed girl

afreudite
Alegoria da Taverna (Lusa)

Em fundo, as cores da bandeira nacional. A bed girl invoca pelas suas contorsões, a esfera marmilar, ou uma figura topológica (banda de Moebius, cross-cap ou, porventura garrafa de Klein, mais representativa de um país melalcoólico).

De costas, o bad boy, simboliza os nossos políticos, prontos a saltar para a cueca da República (bed girl), mas recuando impotentes, por falta de "banana". Reparem no cesto de fruta, ao lado do bad boy, onde uma profusão de bananas "feitiço" vem desmentir a "castração".
O rapaz fascinado escópicamente, entrega-se com as mãos atrás das costas a um jogo dúbio, um pouco como o "Wolfman" (ver Freud - Cinco Psicanálises) que "assistindo" ao coito parental, a tergo, tem um "orgasmo" anal. Daí talvez o título proposto pelo Filipe (Cena Primitiva) a quem aproveito para felicitar pela qualidade dos textos e da selecção de imagens . Um blog que Afreudite recomenda.


Bad boy and the bed girl Posted by Hello


Muralidade - grau zero da moralidade? Posted by Hello

Estratégia do muro

afreudite
O "pansamento" estratégico de Ariel Sharon resume-se numa alternativa simples : "Ou há muralidade ou como-os a todos"! E não é só garganta : aquela barriguinha foi conseguida a comer criancinhas pelestinianas ao pequeno almoço. É o seu modesto contributo para resolver o exsexo de natalidade.

Saturday, February 05, 2005

Muro das Lamentações

afreudite
Ariel Sharon não é mau tipo. Ele descobriu que na base da animosidade pelestiniana (são pele e osso) estava a inveja. Nem mais. Eles viam os judeus a cabecear diante do muro das lamentações e roiam-se de inveja. Feito o diagnóstico, o nosso bravo estadista não demorou a encontrar a solução. Pois, não há razão para invejas. Se a questão é o muro pois que isso não seja problema. Vocês também vão ter o vosso muro, um grande muro das lamentações e, inteiramente grátis, oferta dos queridos irmãos israelitas. Quem é amigo, quem é ?


Oh ! Calcutta ! Calcutta ! Clovis Trouille Posted by Hello


La Vierge corrigeant l Enfant Jesus - Max Ernst (1928) Posted by Hello

Y a de l´incalculable

Nous vivons dans l´ère de la science, ère du Calcul. Mais, comme le montre J-A. Miller (L´ère de l´homme sans qualités) pas-tout est calculable. Un reste, l´objet (a), résiste, objecte à l´ impérialisme du tout-calculable.
Il y a plusieurs façons de traiter cet intraitable, ce réel. La psychanalyse le traite par l´Éthique.
Mais il y en a d´autres. J´en présente deux : 1."La Vierge corrigeant l´Enfant Jésus devant trois témoins, André Breton, Paul Éluard et Max Ernst ( notez que sont 3 comme les 3 rois mages) represente la voie de la tradition , la voie morale, même réligieuse. 2. Oh ! Calcutta ! Calcutta ! de Clovis Trouille represente un traitement esthétique. Au séminaire consacré à l´Éthique de la psychanalyse, Lacan "indique 3 (le 3 insiste) modes selon lesquels l´art , la religion et la science se trouvent avoir affaire avec le vide de la Chose (das Ding)... Tout art se caractérise par un certain mode d´organization autour de ce vide... La religion consiste dans tous les modes d´éviter ce vide... Le discours de la science rejette la Chose au sens de la Verwerfung..."


Califórnia - Colifórmia

afreudite
Depois do consulado, um pouco desconsolado de Ronald Reagun e do do Rambo Schwarzegger, é de prever que a Califórnia se venha a transformar numa Grande Colifórmia.

Santo Ovício

Todos os textos constantes neste blog foram submetidos à criteriosa apreciação do Santo Ovício que exarou o competente "imprimatar potest"


Afreudite, deusa tutelar do Campo Afreudisiaco. Alvo de uma devoção fervorosa, ela ressente-se : "Por vezes, exageram. Dá-se-lhes a mão e eles levam logo os braços e só não levam mais porque parecia mal!" Posted by Hello

Curso de Tiologia

afreudite

Tenho quase uma trintena de sobrinhos, fora as sobras, porque na minha família não se dorme em serviço e devo figurar no ranking mundial como "O pior tio do mundo" ou o "tio do piorio". Reconheço as minhas faltas e prometo emendar-me.
Atenção, sobrinhos, não percam a esperança. Para melhorar a minha performance, acabei de me inscrever num curso de Tiologia

Friday, February 04, 2005

Ordem das Carmelitas In-vestidas

A Ordem do Carmelo, cujo patrono é o profeta Elias, pretende ter contado entre os seus membros a própria Sagrada Família . Do seu espólio constava um vestido da própria Virgem, que tinha a virtude de liberar do purgatório quem tivesse tido a oportunidade de o envergar.
Não é de estranhar que dispondo de tão salvífica relíquia, a Ordem tenha cumulado fartos cabedais e uma piedosa inveja e hostilidade da parte dos seus rivais jesuitas. (1)
Não sei se para reformar a Ordem, quando esta ofuscada pelos bens mundanos, se desviou da sacra inspiração original, surgiu no seu seio, o movimento das "Carmelitas descalças" (não tomar à letra), ordem que, como se sabe, foi eleita pela soror Lúcia, única sobrevivente dos 3 pastorinhos a quem foi concedida a graça de contemplar não o vestido mas a própria Virgem com traje de luces.
Dispondo desta reliquia viva que é a irmã Lúcia é de supor que a nova Ordem se tenha tornado tão rica se não mais que a antiga. Se , de acordo com Hegel, a história se repete sempre duas vezes ( a primeira, como tragédia, a segunda como comédia, acrescenta Marx) é , de recear, que inebriadas pelas riquezas mundanas, as irmãezinhas sejam levadas a desleixar a disciplina e a mandar às malvas as regras da Ordem. Felizmente, como de acordo com as leis da Física e da Moral toda a acção suscita uma reacção, também é provável que, surja um movimento restaurador radical, fundamentalista, que , em sinal de desprezo pela ostentação, renuncie a todo o tipo de vestimenta.
Seria uma movida (não confundir com má-vida) que em homenagem às suas antecessoras, as "Carmelitas descalças", precursoras de um idêntico movimento regenerador, bem se poderia designar por "Carmelitas descalcinhas" ou "Carmelitas in-vestidas", investidas da Graça que é a vera natura da Virginal indumentária.


The dark side of the moon...astery Posted by Hello

Lúcia alucinada

afreudite
Qual a relação entre Joana d´Arc e Lúcia da Cova da Iria ? Entre a Virgem guerreira e a Virgem contemplativa ?
Aparentemente não se vislumbra nenhuma.
No entanto, uma observação curiosa de uma jovem anoréxica, virgem, por supuesto, referida num artigo recomendável de Maurício Tarrab, permitiu estabelecer o "missing link".
A propósito de um filme sobre Joana d´Arc, ela surpreendeu o analista, inundado até aí com um discurso vazio, com uma observação judiciosa : " o importante de Joana d´Arc é que ela lutou contra a puberdade "
Por interposta pessoa ela revelava-se, ela que antes havia informado que "tudo (anorexia) começou de repente, o corpo mudando, a menstruação, tornar-se mulher, os rapazes..."

A experiência clínica mostra que o confronto com o "real" da puberdade está na origem do despoletar de muitas perturbações psicopatológicas. Referindo apenas o exemplo da toxicomania, encarado por alguns, como o paradigma das novas formas do sintoma, sabe-se que os primeiros consumos de substâncias estupefacientes se verificam por alturas da puberdade.

Ora, as "aparições" de Fátima verificam-se, precisamente, quando Lúcia atravessava esse período. Nas raparigas o "trauma" da puberdade é agravado por esse estranho fenómeno que é a menarca (primeira menstruação).

Se se aceitar a perspectiva freudiana segundo a qual ao nível do Inconsciente falta a representação do sexo feminino, posição corroborada por Lacan para quem "La Femme n´existe pas" ( as mulheres existem uma a uma, mas não fazem colectivo), compreende-se porque a puberdade (altura em que se assume o sexo próprio) pode surgir como um trauma e a razão porque a primeira atitude face à sua irrupção seja geralmente de rejeição da sexualidade e de refúgio numa qualquer identificação ideal (guerreira, no caso de Jeanne d´Arc, mística no caso de Lúcia).

Frequentemente, a mulher refugia-se na histeria, numa identificação fálica ( Lacan diz que "l´hystérique fait l´homme"), o que é o caso óbvio de Joana d´ Arc ( elle fait le soldat), identificação viril nem sempre evidente porque recoberta por o que outra Joana, neste caso analista, (Joan Rivière) designou como "mascarade" feminina.

No caso de Lúcia, a situação complica-se, na medida em que, devido à carência paterna ( o pai era um pobre diabo alcoólico) ela não dispunha, para simbolizar a falta (de Significante do sexo feminino), do significante paterno (Falo).
As "aparições" indiciam ou o mecanismo psicótico da "forclusion" que se enuncia : "o que é rejeitado do Simbólico retorna no Real, sob forma alucinatória, Ou, talvez sejam o indício, da opção, pela via, indicada por Lacan, nos "Esquemas Quânticos da Sexuação", a via mística.


Psicótica ou mística, Lúcia conseguiu impor a sua "visão" a milhões de pessoas, em todo o mundo, incluindo, o papa "todo-o-terreno" (papa-móbil irónicamente castigado com uma doença que afecta os movimentos, parkinsonismo) que não resistiu a revelar o 3º segredo,onde se reserva o papel de mártir, esquecendo que o segredo é a alma (o agalma) do negócio.

O sucesso do culto mariano não residirá no facto de a "Senhora de Fátima" fazer existir "A mulher" , La Madonna, inexistente ao nível do inconsciente ?

Wednesday, February 02, 2005

IIEscritos Inédipos - A Esfinge e Adamastor

afreuditeNo imaginário luso há uma figura que, de alguma forma, corresponde à Esfinge helénica, a do gigante Adamastor (termo que provirá do grego Adamastos que significa indomado, indómito e que poderia figurar como uma tradução possível do freudiano Unheimlich, geralmente traduzido por inquietante estranheza).
Alguns traços aproximam estas duas figuras :

-Ambas emergem após a morte de uma figura paterna.
É depois de ter morto Laios, rei de Tebas, que ele desconhece (o desconhecimento supõe o conhecimento) como sendo seu pai, que Édipo encontra a Esfinge.
É depois de "abandonar" o pai, recusar os conselhos dos anciãos (Velho do Restelo) que os navegadores portugueses se confrontam com o gigante Adamastor.
-Ambos são figuras híbridas sexualmente : A esfinge ostenta caracteres femininos (seios). O Adamastor inclui a feminilidade no seu próprio nome (dama).
Com a "morte do pai" poder-se-ia pensar que conforme enuncia um herói de Dostoievsky : "Deus morreu, tudo é possível". Mas como o próprio Dostoievsky aprendeu à sua custa (ele que "colaborou" como testemunha passiva no assassinato do seu pai pelos servos revoltados) a morte do pai é seguida da emergência da "figura obscena e feroz" (Lacan) do Super-Eu que impõe uma lei insensata.
De certo modo, a Esfinge está para o oráculo de Delfos, como a lei tresloucada do Super-eu está para a lei do pai, como Apolo está para Dionisos. A esfinge é uma espécie de paródia grotesca do oráculo de Delfos tal como os processos estalinianos foram uma paródia kafkiana de processos judiciais .
Era de Delfos, onde lhe fora anunciado o seu terrivel destino, que Édipo vinha quando se cruzou com Laios, que se dirigia também ao santuário. Quando ele mata o ancião, ele não pode deixar de ter pensado no vaticínio do oráculo. Embora des-conhecesse conscientemente que Laios era seu pai, não deixava de o "conhecer" a nível inconsciente. O que ele "recalca" retorna sob a forma da Esfinge. A esfinge é uma resposta, uma acusação, sob a forma de questão. O conteudo manifesto, filtrado pelas defesas do eu, tem a forma de uma questão, de um enigma "filosófico", mas o conteudo latente é uma acusação "Qual o nome do parricida?" E, fazendo uma leitura "literal" e não hermenêutica do enigma, o que `ressalta é que o enigma gira em torno do nome do assassino, é uma paródia em torno de um nome próprio reduzido a nome comum : pés ( 4,2,3 pés). Torna-se claro, que a Esfinge ao insistir no significante "pés" está a aludir irónicamente ao nome do criminoso : Édipo,termo que significa, "pés inchados".
A resposta dada por èdipo :" É o Homem", apesar de evasiva e de insuficiente, permitiu-lhe libertar-se da Esfinge como o despertar possibilita o findar do pesadelo. Mas que não era a resposta adequada prova-o a sequência dos acontecimentos. O monstro, temporáriamente vencido, mas não convencido, retornou sob outra forma : a peste, termo que, curiosamente, em português, inclui o significante "pés".

Portugal, tal como Édipo, após uma breve talassocracia, também acabou, por pagar o "patricidio" com a "peste" que tomou várias formas : a morte do infante D. Afonso, cujo casamento com a infanta de Espanha, permitiria a realização de um velho sonho : a união peninsular. O único sobrevivente dos filhos de D. João III , o "desejado" D. Sebastião, mais preocupado com a ascendência, que com a descendência, morre inglóriamente em Marrocos , abrindo as portas ao domínio dos Filipes.