Afreudite, blog da blague "La valeur du message gît dans sa différence avec le code" "L´équivoque est la seule arme dont on dispose contre le symptôme" Lacan

Thursday, October 26, 2006

Physis Kryptesthai Philei

" A natureza gosta de se esconder"

Segundo a tradição, o filósofo Heraclito terá confiado estas palavras à guarda do templo de Artemis em Éfeso, a tal cidade da Anatólia ("Oriente") de onde foi corrido o apóstolo Paulo quando pôs em risco a "iconomia" local muito baseada na produção e comercialização de "icones" da deusa Ártemis aos peregrinos devotos (um pouco como acontece com a Fátima actual. Mudam as moscas...).

A questão coloca-se : porque terá Heraclito, o filósofo dialectico ( autor da máxima"a guerra é a mãe de todas as coisas". Como guerra em grego se diz "polemos", talvez fosse mais apropriado traduzir a máxima por "a polémica, mãe de todas as coisas") decidido depositar a sua sábia sentença no templo de Ártemis.

Talvez o enigma se decifre se se tiver em conta que a Ártemis grega corresponde a Diana, a deusa caçadora e também da natureza dos romanos. De acordo com a lenda, quando Diana se banhava, desnuda, com as companheiras, nas águas calmas , (especulares?) de um lago, um mortal, Acteon não resistiu a contemplar os seus encantos.
Encolerizada com a presença de um intruso, ela lançou sobre ele a matilha dos seus cães que habituadas a presas de outro porte não tardaram a desfazer o pobre Acteon.

De certo modo, podemos neste mito, lobrigar uma outra versão do mito bíblico da maldição lançada sobre o saber simbolizado pela maçã, fruto interdito da árvore da ciência do bem e do mal, interdito que de alguma forma Newton, novo Acteon, ousou desafiar, desvelando um pouco os segredos da natureza ( a tal que , por sua natureza, gosta de jogar às escondidas) , quando sentado à sombra de uma macieira, a queda de uma maçã, orientou os seus graves pensamentos para a "gravidade" de um tal evento .

Agonia da Iconomia

A barragem das 3 Gargantas é um símbolo da nova China que, embora conservando " os sinais exteriores " da velha "iconomia" socialista se rende cada vez mais aos encantos da merconomia oxidental.

Parafraseando Vladimir Ilitch ( o esquerdismo, doença infantil do comunismo) , apetece dizer : " comunismo, doença infantil do capitalismo" ( ou será : capitalismo, doença senil do comunismo ?) .

Em qualquer dos casos, assiste-se a um capitulacionismo ao capitalismo. As 3 gargantas fundas da retórica comunista vão se calar para sempre sob as águas agitadas da merconomia imparável.

Friday, October 06, 2006

Vez

O termo português "vez" e o francês "fois" têm a mesma origem , o latim vicis que significa "lugar ocupado por alguém", "sucessão, alternativa, mudança, sorte, destino, etc

Saturday, September 30, 2006

Quid sapit ?

afreudite*
Quem sabe de onde vem a palavra quiçá ? Quid sapit ?

Sunday, September 24, 2006

Literatura de Bordel

afreudite*
A vida é dura para quem é mole.

Sunday, September 17, 2006

Pentagonia

afreudite*
Em tempos deu brado um livro : "Pentagonismo, estádio supremo do imperialismo", de Juan Bosh, vítima de um dos muitos golpes de Estado "democráticos" promovidos pelos EUA.

Há cinco anos, radicais muçulmanos, atingiram alguns dos símbolos maiores do Império : as torres gémeas , o Pentágono ...

É caso para pensar que estamos a assistir à PentAgonia do Pantagonismo ?

Make love , not war

afreudite*
Para responder ao recrudescimento das acções de guerrilha , G. Bush decide enviar mais homens para o Iraque.
Afreudite aconselha : Se em vez de homens se enviassem mais mulheres, talvez se obtivessem melhores resultados.

Círculo Vicioso

afreudite*
Bebe-se para esquecer ... de pagar.
Esquece-se ( a ressaca)... para beber.

afreudite*
Afreudite alertou, em devido tempo, para os perigos da elevação de um RatoSinger (ainda se fosse o Mickey) , professor de Tiologia (curiosamente, os professores de teologia são tios, ou ficaram para tios) na universidade de Rat is bona (para respeitar a concordância deveria dizer-se Rata is bona), presidente da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé , vulgo Santo Ovício, para a mais alta magistratura da Santa Sé.

Afreudite viu os sues receios dilatarem-se quando este nativo da Baviera, adoptou como nome , o de Bento XVI. Na altura aconselhámos : "Cerrem las bentanas que vamos ter bentania !"

Infelizmente, os factos têm vindo a dar-lhe razão. Desde que ele foi investido , um sem número de bendavais, tornados e furacões têm avassalado as costas da América (terra de protestantes), a Ásia ( terra de budistas, hindus, onde a sorte do cristianismo tem sido aziaga) e outras zonas que têm permanecido refractárias ao apelo do Santo Cruztáceo (que está na cruz).

Quando se pensava que o mundo muçulmano ia ser poupado a esta série de catástrofes, eis que o Santo Padre, falando sobre o tema da Violência da Fé e a Fé na Violência teve a peregrina ideia de citar um imperador bizantino do século XIV que criticava o profeta Muhammad (Maomé) por pregar a difusão da religião através do gládio.

Como diz o povo : " Há muita gente que vê o argueiro no olho do vizinho mas não lobriga a trave no próprio cargueiro "

Se Sua Santidade quisesse exemplos edificantes da violência da fé e da fé imposta pela espada não precisava de olhar para a casa do vizinho. A sua , e em particular, o departamento que presidiu (Santo Ofício) ter-lhe-ia fornecido exemplos em abundância.

As suas santas e avisadas declarações tiveram o efeito esperado : Os do outro bando. e da outra banda (do Mediterrâneo) tiveram a reacção que era esperada : queimaram umas quantas efígies, atacaram outras tantas igrejas, manifestaram-se.

Perante este Santo Pan-demónio Afreudite não resiste a evocar o conhecido provérbio popular (Vox populi, vox dei) :

"Quem semeia Bentos , colhe tempestades !"

( Para a Carol que também semeou Bentos... )

Saturday, September 02, 2006

Mamória de Elephante - Uma alegoria

afreudite*
Numa reserva , em que , por qualquer razão que desconheço, só havia elefantes jovens, os técnicos encarregados de cuidar dos animais, aperceberam-se , preocupados, que os paquidermes exibiam indícios de uma excessiva agressividade. Não só passavam o tempo em lutas fratricidas como atacavam e tentavam mesmo copular com animais de outra espécie.

Reunidos para analisar a questão , os mais novos , afeitos ao modelo biológico , falavam em desregulamentos bio-químicos. Um sustentava que se tratava de excessos de um neuro-transmissor chamado adrenalina, outro dizia que não, que o que havia era um deficit em serotonina, um terceiro, convicto sustentava que o problema era o excesso de testosterona e propunha para comprovar a sua tese, um teste aos testículos dos paquidermes. Um deles chegou a sugerir "salas de injecção assistida, vulgo salas de chuto onde os elefantes poderiam tomar, em condições dignas doses de serotonina" para acalmar os mais turbulentos.

Quando a discussão começou a azedar e ameaçou degenerar em conflito passou por ali , um preto velho, iletrado mas com uma grande experiência que, humildemente sugeriu a introdução de elefantes adultos na reserva.

Irritados com a ousadia do velho africano , os peritos começaram por recusar proposta tão pouco científica, mas passado algum tempo, depois do fracasso clamoroso das suas sábias soluções , e quando todos já se tinham esquecido do incidente com o insolente africano , um dele sugeriu que talvez se resolvesse o problema, introduzindo elefantes adultos.

Se bem o pensaram melhor o fizeram . Introduzidos os velhos elefantes, depressa desapareceram os sintomas de turbulência dos mais jovens. As damas rinocerontes foram deixadas em paz e, a lei do pai, perdão da selva voltou a imperar.

O velho africano continuou a exercer, esquecido as suas humildes tarefas. O perito que "sugeriu" a introdução dos animais adultos depois de ver o seu trabalho coroado com um artigo na revista Masture, perdão Nature, foi galardoado bóstumamente com um prémio Nobel, depois de ter, infortunadamente sido atropelado por um elefante, por sinal um daqueles jovens a quem ele tinha prodigalizado um tratamento destinado a privá-lo de excesso de testosterona.

A sabedoria do deserto

afreudite*
A família pode ser encarada como um conjunto. B. Russell detectou um paradoxo na teoria dos conjuntos que se enuncia do seguinte modo : um catálogo dos catálogos que não se compreendem a si próprios faz ou não parte de si mesmo ? Qualquer que seja a resposta esbarra-se com um paradoxo : Se se inclui o catálogo dos catálogos não se deveria incluir, se não se inclui deveria incluir-se.

Na matemática várias teorias , entre elas a teoria dos tipos de Russell tentaram resolver esta aporia que ameaça os próprios fundamentos da matemática.

Se se aceitar que o catálogo dos catálogos faz parte de si mesmo, deparamos com um conjunto fechado, consistente mas incompleto (o catálogo não se inclui a si mesmo) ; em contrapartida, se se auto-incluir o catálogo dos catálogos obtemos um conjunto "aberto", completo mas inconsistente.

Transpondo, como sugere Lacan, estas considerações esquemáticas do terreno da matemática para o da família, podemos distinguir a família tradicional, estruturada em torno do pai , a encarar como o catálogo dos catálogos, como um conjunto fechado, da família dos nossos dias, que já não gira em torno da figura paterna, que aparece mais como um conjunto aberto.

Cada um destes tipos de família apresenta as suas vantagens e inconvenientes, entre estes , a suas formas distintas de patologia.
Freud que viveu num tempo em que predominava a família tradicional, embora apresentando já sinais de crise, falou de patologias edipianas, paternas (ele chegou a designar o complexo de Édipo como complexo paterno) tais como a histeria e a neurose obsessiva.

No nosso tempo em que a família tradicional, fechada, cede lugar às novas formas de família, surgem , ao lado das patologias edipianas, outro tipo de patologias , a que alguns autores chamam "novas formas do sintoma" que compreendem a chamada depressão, a anorexia , a bulimia, entre outras e que têm como paradigma , a toxicomania.

A toxicomania, tão espalhada nos nossos dias e que atinge frequentemente, as famílias desestruturadas do ponto de vista tradicional, caracteriza-se por uma forma de gozo autista, fechada sobre si mesma, que exclui o Outro. É esta forma de gozo autista que converte a toxicomania no tal paradigma das "novas formas do sintoma" que , ao contrário das "velhas", as boas neuroses edipianas, resistem à "talking cure", levantando novos desafios à psicanálise.

A parábola que a seguir apresento, reporta-se a um tempo e a um espaço (o deserto) onde predomina a família tradicional, paternalista.

Ao morrer, um beduíno deixou aos três filhos, como herança, os seus 17 camelos que deveriam ser dividos da seguinte forma : metade para o promogénito, um terço para o do meio e, um nono para o mais novo. Não era muito equitativo, segundo os nossos padrões igualitaristas, mas não era questionado por assentar numa longa tradição.
Ao confrontarem-se com as cláusulas do testamento, os filhos não sabiam como as executar. !7 não era um número divisível nem por dois, nem por três nem por nove. Calcularam e voltaram a calcular, discutiram, exaltaram chegando a envolver-se em acesas disputas físicas.

Apercebendo-se dos conflitos que dilaceravam a família, o velho Ahmed, irmão do pai, apresentou-se na tenda dos irmãos desavindos e, depois de algumas sábias reflexões sobre o valor da família, terminou o seu arrazoado dizendo : "Em nome da amizade para com o vosso defunto pai e, no intuito de ajudar a resolver os vossos diferendos, resolvi oferecer-vos a única coisa que possuo, o meu velho camelo.

Os irmãos, sensibilizados agradeceram a generosidade do velho e resolveram proceder às partilhas. Com o camelo oferecido pelo velho , as contas eram fáceis de fazer . Metade de 18 para o mais velho ou seja 9 camelos, um terço para o do meio , o que dava 6 e, finalmente, um nono para o caçula, o que perfazia 2 camelos.

Feita a distribuição dos 9+6+2 camelos eles descobriram, espantados que sobrava um camelo. Voltaram uma e outra vez a fazer as partilhas, discutiram mas chegavam sempre à mesma conclusão : sobrava sempre um.

Lembrando-se da generosidade do velho Ahmed, que não por acaso passava por ali, naquela ocasião, resolveram devolver o camelo subsistente, àquele que se sacrificara , aparentemente , em nome da amizade e dos valores tradicionais.

Saturday, August 12, 2006

OROBORO

afreudite*
O que aconteceu na Coreia do Norte ( ao líder Kim-Ill- Sung sucedeu o filho "Mentally Ill-Sung") e agora está a ser "incubado" em Cuba ( a Castro sucede o irmão, ao clown sucede o clone)) , mostra que como diz o povo, "os extremos tocam-se", ou a física : "os contrários atraiem-se".


Encorajado com estes belos exemplos, Duarte Piadoso, herdeiro ao trono de Portugal, está a pensar em apoiar o Partido Comunista, tendo em conta que o "socialismo é a via mais rápida de acesso, não ao comunismo, mas à ... monarquia."

Considera também sériamente, a hipótese duma Santa Aliança entre os monárquicos e os comunistas, para a qual já tem nome : Comunarquia.

Afreudite sugere como símbolo da provável coligação o "Oroboro" (palavra cap i cua) , a serpente que morde a própria cauda.

Bi-xarada

afreudite*
Duas vacas conversam, aproveitando as pequenas pausas do repasto (os humanos, ditos inteligentes, fazem pausas para o almoço, as vaquinhas, consideradas estúpidas, fazem pausas do repasto) :

Inquere uma :

- Ouve lá , preocupa-te essa questão das "vacas loucas"?

Responde a outra:

- Porque me havia de preocupar ? Não te esqueças que sou uma coelhinha !