Trauma
afreudite*Um trauma é sempre subjectivo. O que é trauma para um não o é necessáriamente para outro. Encarando a guerra como o paradigma da situação potencialmente traumática constata-se que ela apenas é traumática para alguns e , não necessáriamente para os que estiveram mais expostos a situações de combate efectivo.
Miller propõe um princípio : "um trauma ocorre quando um facto entra em oposição com um dito, um dito essencial da vida do paciente, quando há contradição entre um facto e um dito."
Ele cita, como exemplo , o terramoto de Lisboa que na altura constituiu um abalo sísmico ao nível do pensamento europeu.
Voltaire não perdeu a ocasião para, com a sua ironia corrosiva, salientar a contradição entre o facto terrível da tragédia vivida por Lisboa e o dito de Leibniz , que decerto modo traduzia a visão cristã do universo, segundo o qual o mundo em que vivíamos era o melhor dos mundos possíveis".
Mais à frente, falando do caso de uma mulher romena traumatizada pelos atentados de Madrid ele comenta que o "trauma traduz um hiato , uma incompatibilidade entre um mundo regido por uma lei, a do pai todo amor e a emergência de um real sem lei " ( a do atentado) .
Se a "vida é sonho" (Calderón) , o trauma é o"pesadelo" que desperta para o real (sem lei). A cura, proposta pelas psicoterapias apenas visa um retorno ao sonho comum (à ideologia comum).
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