afreudite*
afreudite*OutLawrence of Arabia : The dark side of the hero
Platão diz algures que ninguém é herói para o seu criado de quarto, opinião a que Hegel replica observando que se trata de um parecer de um criado de quarto.
O mito lawrenciano deve muito a um fotojornalista americano, Lowell Thomas que fez fortuna vendendo, pelo mundo fora, a lenda, por ele, em parte, criada.
Ao contrário do que pretende a lenda, veiculada pelo cinema, Lawrence sabia desde o princípio, que os ingleses bem como os franceses cobiçavam o Médio-Oriente, simulando favorecer as pretensões árabes a um estado independente, apenas para poderem contar com o apoio das tribos beduinas no derrube da "Sublime Porta" (Império Turco).
Lawrence cumpriu tanto melhor o seu papel que consistia em congregar as tribos árabes tendo em vista o derrube do Império turco e, em mantê-las sossegadas , em seguida, quanto ele própria sentia uma afinidade "homeoerótica" com aquela sociedade viril e guerreira.
Na obra auto-biográfica , " The seven pillars of wisdom", ele dedica algumas páginas a descrever com alguma complacência as sevícias e violações de que terá sido vítima quando foi, supostamente, capturado pelos turcos. Baseando-se no facto de que alguns dos factos descritos não terem podido acontecer, alguns autores lançaram a suspeita que as sevícias e violações referidas por Lawrence não passavam do relato de uma fantasia.
Esta hipótese confirma-se se se tem em conta revelações posteriores de pessoas que afirmam ter recebido dinheiro de Lawrence em troca de serviços que consistiam na aplicação de sevícias corporais (chicotadas, nomeadamente)... sevícias , (supostamente ordenadas por um tio), aplicadas como castigo pelos seus pecados !
Freud sustenta algures, utilizando a metáfora da fotografia que a "neurose é o negativo da perversão", que , por detrás dos sintomas neuróticos estão fantasmas inconscientes que não diferem muito dos fantasmas agidos dos perversos.
Num texto clássico "Batem numa criança"ele detecta a presença frequente de fantasmas inconscientes de flagelação, sobredeterminando sintomas neuróticos em tudo semelhantes a fantasmas masoquistas, só que não são agidos.
A revelação destas tendências "perversas" (clinicamente) em Lawrence não deve servir para diminuir a grandeza e o heroismo de Lawrence . Dele se pode dizer o que Marguerite Yourcenar disse dos gregos : "Os gregos eram mais divinos porque os deuses eram mais humanos".
Desta opinião, possívelmente, só os "criados de quarto" discordarão.
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