Afreudite, blog da blague "La valeur du message gît dans sa différence avec le code" "L´équivoque est la seule arme dont on dispose contre le symptôme" Lacan

Tuesday, April 26, 2005

Ateu , graças a Deus

afreudite*
Atopia reproduz um quadro de F. Bacon, um estudo a partir do retrato de Inocêncio X de Velasquez. O quadro evoca uma espécie de radiografia e, pode ser encarado como o equivalente pictórico da "radiografia" anamorfótica que Lacan faz no célebre Sem. XI, intitulado "Os 4 conceitos fundamentais da psicanálise", do célebre quadro , "Os embaixadores" de Holbein.

Este mesmo quadro de F. Bacon aparece reproduzido na capa do nº 27, ano 86, da revista "L´Ane" dedicada ao tema : "Peut-on être athée ? "
Nesse nº permito-me destacar três textos :

- Freud et la clinique de Dieu - S. Cottet
- Les vrais athées sont au Vatican - António de Ciaccia
- Le "message athée du christianisme" - Slavoj Zizek

No segundo texto escrito por um psicanalista italiano que foi frade (num livro colectivo : "Qui sont nos psychanalystes?", Seuil, ele descreve como se "converteu" à psicanálise), pode-se ler : " o que se transmite na tradição teológica é uma mensagem de ateísmo"...
A partir de uma reflexão de origem protestante uma corrente investiu depois da última guerra todo o cristianismo : a mensagem da revelação judaico-cristã seria a mensagem transmitida ao homem para que depure cada vez mais o seu imaginário sobre Deus. Esta afirmação não resume apenas a tese de Hegel para quem a mensagem de Deus completa a destruição dos deuses. Mais radicalmente ... ela afirma que o que a mensagem de Deus nos ensina é a viver sem Ele.O nosso tempo é o tempo da ausência de Deus. Deus permanece e permanecerá silencioso. "

"... Esta teologia conhecida como da secularização...será revezada pela da libertação... que propõe não apenas a libertação do homem do homem, mas a libertação do homem de Deus."
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Para Lacan, se o cristianismo é o acabamento do monoteísmo, a mensagem que ele veicula ... é a do mysterium fidei que se resume no facto de que o cristianismo não é senão a celebração do drama sempre vivo que incarna no sacrifício do Filho a morte de Deus"...

No texto de S. Zizek, retoma-se a argumentação de Hegel :
" A morte do Cristo tem uma significação diferente do auto sacrifício divino nas religiões pagãs onde a morte de Deus se inscreve no quadro de um movimento cíclico da morte (sacrifício) e do renascimento do divino....
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No Cristianismo em contrapartida, à morte na cruz sucede o Espírito Santo : Deus , após a sua morte continua a viver, a sua morte é o começo da vida eterna ... através do Espírito Santo que apenas existe como comunidade dos crentes...
O que morre na cruz não é uma incarnação passageira de Deus mas o próprio Deus do além, a representação de Deus como uma força transcendente. Com a morte na cruz , "Deus" deixa de ser uma entidade transcendente que se incarna numa figura finita, ele torna-se o mome do próprio movimento da revelação "...

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